Nada sei de poesia.
Não sei ler nem escrever.
Sou analfabeto poético.
O que sei mesmo é prosear!
Mas ocorre, certas vezes,
quando vou parindo a prosa,
de algumas palavras se enversarem.
Se enversam sozinhas, sem mais nem menos!
Quando me dou conta,
da prosa que paria,
eis que se rebela a poesia!
Assim, totalmente à revelia!
Não tem a ver comigo...
É filha ilegítima!
Nada do que eu queria!
E é feia, desajeitada, sem rima!
Mas como é próprio dos pais,
cedo ao seu primeiro abrir d’olhos!
E a amo como se fosse minha...
Minha filha poesia!
E embriagado de amor materno
Vejo em seus defeitos, qualidades!
Da sua esquisitice me vem graciosidade!
Da sua falta de jeito, paixão!
Aí, em vez de desenversar as palavras
e fazer disso tudo uma prosa mais bonita,
deixo que se enversem livremente
e me descubro poeta inconsciente.
Caio Dezorzi
Janeiro de 2012, 3º dia.