Cada um é um Universo.
Com seus astros e estrelas.
Com suas incógnitas e explosões.
Com sua imensidão desconhecida.
Todos vivem com a dança das órbitas...
estelares, atômicas, celulares e sanguíneas.
Todos pensam que podem conhecer a si mesmos
através de lentes de telescópios,
sem a necessidade de estar lá.
Tolo engano!
Não se pode sentir o cheiro
de um vegetal nativo de um planeta de Órion
através de lentes NASAis.
A presença é vital.
Na maior parte do tempo não estamos presentes.
Nos preocupamos mais em conhecer galáxias alheias
do que cuidar de nosso próprio sistema solar.
Atraídos por discos voadores de universos comerciais,
sugados por buracos-negros de interesses econômicos,
nos tornamos alienígenas de nós mesmos.
Quantas carências abrigam nossas entranhas?
Não conseguimos cuidar nem mesmo de um simples planeta.
Não temos competência para tal?
Olhamos para as estrelas como se fossem inalcançáveis,
mas, na verdade, estão dentro de nós.
Uma colisão ou outra pode não levar um Universo ao seu fim,
mas pode extinguir a vida em um planeta.
Ao invés de procurarmos as melhores rotas para nossos astros,
os viciamos nas mesmas órbitas de estrelas preconceituosas.
Como podemos adaptar o mundo a nós, destruindo-o,
se nem conhecemos o Universo que somos?
Como podemos conhecer um Universo,
se nem mesmo um planeta conseguimos manter vivo?
O Universo que abriga a todos nós não sente o tempo,
mas os universos individuais correm contra o relógio.
Os otimistas dizem que ainda há tempo,
mas a alienação está apenas começando.
Abra seus cinturões de asteróides,
a consciência pede passagem.
O primeiro assalto está terminando.
Caio Dezorzi
Escrito em 03 de abril de 2001.
Revisado em 31 de dezembro de 2011.