Abraços

Um abraço nos faz olhar para direções opostas, ao mesmo tempo em que nossos corpos se entrelaçam e nossas cabeças se unem lado a lado, num breve momento paradoxalmente eterno.

Num abraço sentimos o movimento da respiração e as batidas do coração do outro, como se fossem nossas batidas, nosso ar, ao mesmo tempo em que sentimos o outro como outro.

E nessa eterna antítese, ocorre a troca. Num abraço, ficamos com algo do outro e o outro leva algo de nós. Bom ou ruim, é sempre assim.

Caio Dezorzi
Maio de 2001